Paleta
Minha caneta é pincel;
as palavras, as cores...
Versos são os seus castanhos
largados nesses fios do seu cabelo
por entre os olhos que me cegam.
Essa estrofe é sua pele bege
cadenciada pro moreno
espalhada pelo seu corpo:
escura
onde eu posso ver;
clara
onde eu queria poder ver.
Poemas se resumem em sua boca
que articula e expõe seu portão
livrando o não e trancafiando a saudade.
Poemas pintados de vermelho
se misturam em pontuação mal feita:
por vezes ponto final.
por vezes reticências...
O vermelho viabiliza o meu salto
irresponsável
flutuando com a ajuda dessa cor quente
assassinando a distância
entre a minha
e a sua
boca.