pollo
sem perder as fronteiras, esteiras ou bússolas
desejos inanes de convicção
paisagens inúteis por frestas tão frívolas
conhaque, tristeza no prato, ração
na carta que lia morriam suas dúvidas
um despejo, o limite se impunha, o chão
a ira que destila o sangue da víbora
alimenta o orgulho em erupção
promessa vira pressa
indigesta
projeta à garganta
o fel
ruge agora, espanta
qualquer idea de gaiola, desenrola
teu pedaço de céu
cinza
o caminho, a cidade, o destino, uma vírgula
marquizes e esquinas na imensidão
pedras portuguesas respondem tão rígidas
perfurando vidro, pele ou coração
no silêncio dos carros, breve melodia
desvê o olhar tanta repetição
a vista se perde no abismo das dívidas
num vestígio de sonho busca proteção
desenlancha
ganha a manha que reclama
a uma deusa
maior
acolhido na leveza
esquecido da certeza de que
o império do sol
virá
canção do meu ep paisagem primária