Sem Relógio de Pulso
desfilam na passeata apertada
desse trem apertado
aquele tempo lacuna
que exige corpo dentro do vácuo
aquele tempo fatia
que necessita ser consumido mesmo azedado
aquele tempo cronômetro
que otimiza o agora sem nem acabar o anterior
aquele tempo dinheiro
que monetiza o não saber do porvir
enquanto esses tempos passam
meu tempo fica
como caiçara em cidade grande
conta seus peixes, seus grãos
um a um
passando essa preguiça
de gente do
litoral
meu tempo pede um tempo
pra poder respirar
em meio a esses tempos afobados
precisa ver correr um tempo pouco
pra se perceber só
só um tempo
um pouco de tempo
destes de esperar o ponto certo chegar
deixar o hoje morrer
preparar o amanhã para
chegar com calma
com tempo
com a calma de ter tempo