a névoa espessa sobra
da frágua que fui
a forjar novas armas
anêmicas
potências de amor
ou então só morte
em mãos de crianças
maníacas
quão cortantes são as últimas frases?
como afiar as novas primeiras?
eis o fardo de um ferreiro
além do calor:
abster-se da culpa,
das incongruências
e consequências
benzidas no vapor
buscar as suas crenças
uma a uma
com o sol de testemunha
levá-las para passear,
um banho,
sair pra pegar um ar
jóias rasas,
moças requintadas
de mãozinhas dadas
todas maquiadinhas
de certezas raras
as sirenes falharam
o barro desliza
e a ira leva
tudo
relampejam
as últimas fotos
você sem olhar pra câmera
e num instante
bum
já é ontem
uma outra realidade
agora escorregadia
suja e líquida
nos retoma
ou remonta
não sei dizer
pois ninguém mais canta
enquanto a lama seca,
a garganta endurece
e o ar se faz em peste
de pó
para o pó
ao longo do caminho
muitas serão as frases
confundidas
esquecidas em preces
qualquer coisa ruidosa
calha em tornar-se
casa
e cozinha
onde comem-se
caldos, cantos, caminhos
inventamos tanto
para nos vermos aqui
facas
abridores de lata
isqueiros
e termos de uso
o domínio de tudo
todos os sons
e das palavras
não pronunciadas
só para nos vermos aqui
a sós
nos mirando em espelhos
de sangue e lítio
feito narcisos
afogando a nós mesmos
tudo aquilo inventado
e tantos outros nomes
para sempre
velados