o querer que mora num trago
que mora no aro
de lentes bifocais
focadas em desviar caminhos
para te enxergar por dentro
o trago que mora num quero
que mora no ego
de olhos vermelhos
denunciando planos e devaneios
de atalhos pela contramão
findado o tabaco
findada a mesa
findada a rua
fincado o cheiro nos dedos
do querer
do trago
Sorria, você está sendo filmado.
Atravesse na faixa.
Não pise na grama.
Fale ao motorista somente o indispensável.
Frases feitas
soltas
lidas
esquecidas por nós.
Na asa do avião
dessa ponte aérea
construída nuvem a nuvem por mim:
- Não pise fora desta área.
deste coração.
As fotos mofam
os filmes se perdem
os cheiros azedam
os móveis mudam
todos embalados
por essa valsa do tempo.
Coisa de gente grande
sabem que o epílogo
espera logo ali
no virar daquela curva.
O sorriso cafajeste
a posição deitada vendo tv
o agarrar do copo
até a cegueira do olho esquerdo
ouvem outras músicas e
jogam ciranda com o tempo.
Crianças despreocupadas
só se interessam
pela hora do recreio e
o lanche dentro da merendeira do Batman.
São esses pequenos olhos
brilhantes
e barriguinhas
sujas de picolé
a ponte que liga
o que há de ser eterno
entre nós
dois.
Acorda, minha flor!
Desperta junto o mundo com seu perfume,
desacorda meu ser em sua essência.
Depois, nos amemos aos montes,
sem nem notar que o tempo parou,
porque o sol já desistiu de raiar
somente para admirar
o matinal desabrochar do nosso amor.
Sopra este vento sul
e traz a garoa umedecendo
meu peito aberto
por conta da camisa
do primeiro botão perdido
que você tanto gostava.
Me deixo molhar
e ventar pro norte