an animal
walks into you
you've gotten
the money
the smell
another fine mess
três tragos de um cigarro imaginário numa caminhada de perder o ar. por outra vez ele se pergunta se há mais caos em si ou em são paulo. sobe uma ladeira, vira uma esquina, se desgasta por conta da pressa de chegar no cinza do outro antes que a cidade se imponha. dois sorrisos, não saber se posicionar
na recente vida descoberta do outro em uma cozinha pequena e vitamina com sabores que nunca provou.
pensou em seus próprios novos sabores. pensou em como tem sido doce o sabor de si mesmo. pensou muito sobre aleatoriedades se desenrolando de maneiras concatenadas. até o barulho do avião que faz a ponte-aérea levando um casal qualquer para uma lua de mel no nordeste com escala no rio de janeiro interrompê-lo.
acende outro cigarro imaginário e vai trabalhar.
No dia em que finalmente consegui amar a todos os seres humanos,
deixei de chamar de amor o que sentia até então
Perdendo o que sentia por alguém especial para mim
não querendo mais te-la como queria até então,
as coisas se transfiguraram
e o que antes era pecado pelo querer,
tornou-se ideal para mais um engano
Eu via casais juntos
e já não sabia mais o que queria
Vi que amar a todos não é o que queria afinal,
que nem o apego nem o desapego,
conseguiriam me dar o que sempre quis
Abrindo mão dos dois, o espaço se fez vazio novamente,
desesperador, solitário e misantropo andei em meio aos homens
Neste dia,
comprei uma rede e coloquei na minha varanda
e parei de buscar
Muitas vezes paro pra ver
que na verdade
não gosto de pessoas
apenas gosto do que elas me fazem sentir
E que neste querer
há sempre morte,
No desejo de viver novamente o passado
Pois que o novo nunca tem petição,
é algo dado que não tem remetente
Eu sei hoje que pensava gostar de alguém,
de uma menina mulher,
de cafés, cervejas e cigarros
e de um dia especial frente ao mar
Na verdade
ainda gosto de cafés, cervejas e cigarros
porém da menina,
só posso dizer que ainda gosto do mar
Aqui estou nesta ilha
longe de quem me ama
e perto de quem me quis
Desde o começo sempre estive só
não há novidade para mim aqui
Não há utero que consiga parir novamente o que senti um dia
Todos os sentimentos morreram em nome da verdade
O animal está domesticado novamente
até que a noite caia mais uma vez,
e a besta se erga para trazer um novo deleite
e com ela uma nova queda
Meus navios seguirão por mares tempestuosos
perfurarão mil ondas como colossos se erguendo na madrugada
meus homens perecerão em meu nome,
e eu marcharei novamente sobre sob a mesma terra que pisei um dia,
pois ainda sou quem dá nome às coisas,
e delas nada temo
Eu
estou no branco
com a coroa por vir
Eu
Nada temo
33
Não quero saber quem sou
Só preciso caminhar,
caminhar, caminhar e caminhar
Irei de cidade em cidade
Em um andar sem pensar
sem falar ou me comunicar
Quero caminhar
Caminhar em quanto a consciência não volta
Sem rumo eu quero caminhar
Vou aonde algo me faz ir
um lugar que é aqui e ao mesmo tempo se faz longe de mim
um lugar onde a fé cria expectativa
de ser o repouso ou união
E se um dia eu lá chegar
ou antes minha consciência voltar
Saberei mais uma vez
que de nada adianta perguntar
pois as perguntas são pedras nas águas que correm
Perguntas não levam a nada,
é só medo,
medo de saber ser
um pote sem fundo