franco erro

amanhã vou estudar o
porquê de eu pensar
    tão
    mais claramente

    de luzes apagadas
    o sufoco do mundo
        Serena
        meu amor

Quantizar

é tudo de tanto
e tanto de tudo
para tão pouco
  quase nada
que se torna difícil
enxergar a fartura
em uma geladeira vazia
só com meio litro de leite
  e um único ovo

bonde das poderosas

sou um poeta medíocre
- e quem não é?

negue se quiser
mas cada um tem seu lugar
e o meu é no meio
    da porrada
    da platéia

        assistindo o mundo
        das entranhas
        das máquinas de lavar

        enquanto você olha pra baixo
        sorrindo e sente aquele torcicolo
            recalcado

cachoeiras

por mais que eu me
concentre

    fecho os olhos
    apago as luzes
    silencio as mentes

        não consigo
como distinguir se

    esse som é
    do peito
        que ferve
    ou da água
        na pele?

Quero

o querer que mora num trago
que mora no aro
de lentes bifocais
focadas em desviar caminhos
para te enxergar por dentro

o trago que mora num quero
que mora no ego
de olhos vermelhos
denunciando planos e devaneios
de atalhos pela contramão

findado o tabaco
findada a mesa
findada a rua
fincado o cheiro nos dedos
        do querer
        do trago