teoria da evolução
mentir pra si mesmo
é uma ferramenta evolutiva
para nos manter vivos
em um mundo de espelhos
assim como o desespero
a vertigem
a vontade de morrer
mentir pra si mesmo
é uma ferramenta evolutiva
para nos manter vivos
em um mundo de espelhos
assim como o desespero
a vertigem
a vontade de morrer
não faz calor
nem frio
nem sol
nem chuva
só venta
com o vento, fujo pra longe desse lugar
que quase chamo de casa
(se posso sair com as chaves
e ir ao supermercado
comprar pringles e tictac,
estou em casa)
ando pra longe
suficiente para não ser achado
não por alguém que eu possa conhecer
e então paro de mentir pra mim
e deixo-me viver.
ao ver uma foto que fiz de você
de bobeira
há um ano
percebi o quanto ainda somos jovens
amigo
ainda não tínhamos visto nada disso
e eu não sentia esse frio
que tanto me lembra
nossa casa
e o quanto somos infantis
ao pensar que
memórias
palavras
e amizades
são pra sempre
somos crianças perto
do sentimento do mundo
então proponho permanecermos
felizes
crianças
juntos
até quando
um dia quero escrever pequeno.
menos.
fugir do desespero de ser eu.
mais.
Sobrevivo em som.
Crio eco no espaço
buscando brechas
comumente chamadas de ouvidos.
Reverbero nos agudos e graves:
a vida sobre a vida;
o dilema da vida,
a vontade do acorde perfeito
e a preguiça de uma nota solta.
Os ruídos são ondas dos outros,
decompondo,
sobrepondo,
tentando anular minha própra frequência,
muito bem definida por padrão.
Minha casa é um lá menor,
simples,
agradável
e que cabe na mão de qualquer criança.
Dentro dela existem somente seus microtons;
no linguajar popular,
poemas e fotos de minhas saudades.
Eles não sabem,
mas também são músicas...
Elas não sabem,
mas são elas que partem pelo ar...
Eles não sabem,
eles simplesmente não sabem,
que não são eles que decoram
o que costumo chamar de lar...
Elas não sabem,
mas eu mesmo navego por elas...
Um a um,
uma a uma,
até chegar ao pé do seu ouvido
em tom maior.
de novo